UMA CARTA DO PORTO – Por José Fernando Magalhães (567)

 

 

NOVA ORDEM ALIMENTAR

 

 

 

Vivemos numa época em que surgem novas ideias e novas ordens mundiais, regidas por interesses económicos a que chamam interesses em salvar o planeta.

As novas ordens económicas fundaram um banco novo que tudo pode e tudo manda. Ninguém nos perguntou se queremos deixar de ter notas e moedas. Ninguém nos perguntou se queremos pagar uma taxa ao banco só porque ele nos tirou as moedas e temos que fazer o pagamento numa máquina, não podendo entregar simplesmente o dinheiro a quem o devemos. Ninguém nos perguntou se queremos deixar de dar uma esmola sem que tenhamos de pagar uma taxa por isso. Ninguém nos perguntou se queremos estes mandantes e não outros a mandar em nós.

E o governo que nos desgovernou até agora, aceita e é conivente com este estado de coisas.

Em paralelo com esta nova ordem, há uma outra que nos quer impor uma série de directrizes sobre o que comemos e como o fazemos. 

Falo da nova ordem alimentar.

Com o avanço da tecnologia e da manipulação genética, surgem novos alimentos, desenvolvidos para suprir a crescente procura e necessidade da população. Há, porém, preocupações sobre o impacto dessas mudanças na saúde das pessoas e no meio ambiente. Torna-se necessário questionarmos se esses alimentos geneticamente modificados garantem uma alimentação saudável e nutritiva a curto, médio e longo prazo, ou se apenas satisfazem a procura da quantidade.

Como vivemos numa era em que a rapidez é sobrevalorizada e onde tudo é feito de forma imediata e sem demoras, essa celeridade, reflete-se nos nossos hábitos alimentares. Escolhemos amiudadas vezes, também por conveniência, alimentos processados, cheios de aditivos químicos e pobres em nutrientes. Optamos por refeições prontas a consumir, em detrimento de uma alimentação sensata e sadia. E isso torna-nos susceptíveis a, irreflectidamente, seguirmos estas ideias quiméricas.

Mas há pior, nestas fabulações ficcionadas pelos mandantes da nova ordem dos alimentos.

Misturada com a alimentação das plantas, que em troca nos dão oxigénio, querem acabar com alguns tipos de comidas que sempre foram base do nosso sustento. Refiro-me à pecuária, uma das mais antigas atividades de criação de gado para alimentação. Carne, ovos, leite e mel, são os principais produtos alimentares oriundos da atividade pecuária. Couro, lã e seda, são exemplos de fibras usadas na indústria de vestuário e calçado. O couro também é extensivamente usado na indústria de mobiliário e de automóveis. Mas, a inteligência mandante e decisória, quer acabar com a criação agropecuária, e com a nossa alimentação oriunda dos suínos, ovinos, caprinos e bovinos, e já nem sei que mais. Tudo isto porque os coitados dos animais, em especial os bovinos, ruminam e defecam, e ao evacuar, as suas fezes libertam o metano, que, dizem os senhores mandantes, a par do anidrido carbónico, está a matar o nosso planeta.

Não seria melhor plantar árvores em vez de desmatarem florestas?

Não seria melhor obrigarem as fábricas a diminuírem ou acabarem com a produção de gases fluorados? Estes gases, que na sua maioria são milhares de vezes mais fortes do que o anidrido carbónico, são os hidrofluorocarbonetos (HFC), os perfluorocarbonetos (PFC), o hexafluoreto de enxofre (SF6) e o trifluoreto de nitrogénio (NF3).

Mas ainda há mais nas ditas fabulações.

Estes mandantes que nunca foram sufragados para o posto que assumem, pelo menos que se saiba, querem continuar a mudar radicalmente a nossa alimentação. Daí, surgem as ideias dos cereais e da dieta Vegan, das frutas e dos insectos, pretendendo-se ver já acabado o consumo da carne de vaca, de porco, etc., por manifesta falta do produto em causa.

Desta forma, e porque os ditos mandantes mandam e gostam muito de nós, resolveram fazer uma outra coisa extraordinária. Fabricar em laboratórios apropriados, através de bioreactores, que não são mais do que fermentadores biológicos, carne. Mas carne da forma que se quiser. Se quisermos bife do lombo, lá vem ele. Se quisermos alcatra ou costeleta, ou carne do bico da pá, é só introduzir o código respectivo, mais umas quantas células da vaca que queremos replicar, mais uns pozinhos de perlimpimpim, e através de reacções químicas e talvez, talvez sem nanotecnologia acrescida, lá teremos a peça de carne pronta a cozinhar. E, dizem os acólitos entendidos na matéria, de muito melhor sabor e qualidade do que o que a vaquinha naturalmente nos daria. E deve ser assim, uma vez que já há restaurantes em Itália, se não noutros países, que se especializaram em servir esta contrafacção sem penalização alguma.

Mas os ditos salvadores do mundo, que entre 2030 e 2050 querem tudo isto implementado, pelo menos em toda a Europa, ou quanto mais não seja na dos vinte e sete, e que entretanto já acabaram com toda a indústria de produção de carne, querem também acabar com a das pescas, já que a maquineta laboratorial também nos dará peixinho. Bacalhau, salmão, atum, espada preto, peixe galo, pescada, perca, goraz, sargo, sardinha, tamboril, e por aí fora, numa com certeza panóplia de peixinhos ao gosto de cada um.

Pois é, tudo muda nesta nova era e nesta nova ordem.

Sendo fundamental pensarmos de forma crítica naquilo que colocamos no nosso prato, deveríamos estar conscientes das nossas escolhas alimentares e procurar conhecer a origem dos alimentos que consumimos, optando por uma alimentação cada vez mais natural, com base em ingredientes frescos e não processados. Seria uma forma de cuidarmos da nossa saúde e do ambiente. Seria! Foi assim que ao longo de toda uma vida, ou várias, nos ensinaram e lutaram para que fossemos mais saudáveis. Seria, mas nos dias que correm já não é. E estes novos senhores donos disto tudo é que sabem o que é bom para nós.

No entanto ninguém nos perguntou se queremos comer coisas fabricadas sabe-se lá como, mesmo que saibam bem; sem que tenhamos outra opção. Ninguém nos perguntou se queremos estes senhores e estas ideias a mandar em nós. Ninguém nos perguntou se aceitamos passar um cheque em branco aos eleitos no nosso país, para estes assuntos especificamente. E os nossos governantes, aqueles que escolhemos para lutarem por nós e darem todo o seu esforço para que possamos estar cada vez melhores, que deveriam ter um papel activo no controlo e fiscalização da nossa qualidade de vida, baixam a cabeça, tapam os olhos e os ouvidos, e, nestas como noutras situações, aceitam servilmente as ordens que lhes são dadas.

 

FELIZ DIA DE REIS

 

 

 

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